Alerta Azul
Por Dr. Edson Henrique G. Nascimento, médico Urologista e do transplante renal.
Após as discussões sobre o câncer de mama e a saúde da mulher no Outubro Rosa, novembro abre espaço para a prevenção e conscientização do câncer de próstata e a saúde dos homens com a campanha Novembro Azul. A campanha acende um debate fundamental sobre o câncer de próstata, seu diagnóstico e prevenção da doença. Além disso, busca sensibilizar a população masculina sobre a sua saúde e eliminar aos poucos o preconceito em torno dos exames, principalmente o de toque retal.
Os dados chamam a atenção para a importância de se debater o tema. O câncer de próstata é a segunda causa mais comum de morte por câncer em homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de próstata atinge todos os anos cerca de 65 mil homens. Em 2018, mais de 15 mil deles morreram em decorrência da doença, o equivalente a uma morte a cada 40 minutos. A situação poderia ser bem melhor se não fosse o tabu e o preconceito que existe por grande parte da população masculina sobre o exame indispensável na prevenção, que é o de toque retal. Segundo pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), apenas 32% dos homens declararam ter feito o procedimento. Entretanto, ele não dura mais do que dez segundos e é essencial para o médico perceber alterações de tamanho e consistência, bem como lesões na próstata. O câncer de próstata é uma doença mais comum em homens idosos, tanto que a média de idade em que aparece a doença é de 66 anos. No mundo, cerca de três quartos dos casos ocorrem em homens com mais de 65 anos e, quando diagnosticado e tratado no início, tem os riscos de mortalidade reduzidos. No Brasil, corresponde a 6% do total de óbitos nesta faixa etária, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).O toque retal é o teste mais utilizado e eficaz quando aliado ao exame de sangue PSA (antígeno prostático específico, na sigla em inglês), que pode identificar o aumento de uma proteína produzida pela próstata, o que seria um indício da doença. Para um diagnóstico final, é necessário analisar parte do tecido da glândula, obtida pela biópsia da próstata. Quando a doença é detectada precocemente, a chance de cura aumenta em 80%.Os tratamentos variam, desde a vigilância do tumor, radioterapia, cirurgia local até o tratamento sistêmico como hormonioterapia e quimioterapia, em casos mais avançados da doença. Consultas de rotina ao urologista também são essenciais para um diagnóstico preciso. Quanto mais no início o câncer de próstata for diagnosticado maiores as chances de cura. Em muitos casos, os homens buscam ajuda quando o tumor já está em fase adiantada, dificultando o tratamento e os melhores resultados. A população masculina deve ficar sempre atenta também à alterações nem sempre levadas à sério. Entre elas jatos de urina interrompidos com frequência, dificuldade para urinar, vontade de ir ao mictório seguidas vezes.O alerta azul é um chamamento para esse tumor tão negligenciado pelos homens e que assombra, principalmente, pelo tabu que envolve a prevenção. No entanto, novembro é somente um mês símbolo. O cuidado com a saúde do homem deve estar em foco durante todos os meses. Dados revelam que os homens vivem sete anos a menos que mulheres. Elas são mais cuidadosas do que eles com a saúde e estão mais acostumadas a procurar prevenção. Eles, ainda, precisam adquirir o hábito de se prevenirem com exames, visitas aos médicos, e, sobretudo adquirirem a cultura de buscar o médico muito antes da doença aparecer. Assim, o homem poderá viver mais e com mais saúde.
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